A água mineral foi transportada em 90 contêineresReprodução

A China enviou mais de um milhão de garrafas de água de geleiras tibetanas para as Maldivas, um país insular cada vez mais dependente das usinas de dessalinização devido às mudanças climáticas, anunciaram as autoridades nesta quinta-feira.
O arquipélago do Oceano Índico está na linha de frente das mudanças climáticas. Com o aumento do nível, o mar invade seu território e afeta as fontes de água potável.
Ao mesmo tempo, no Himalaia, as geleiras estão derretendo de maneira mais rápida, também devido às mudanças climáticas, destacam os cientistas.
O Ministério das Relações Exteriores das Maldivas informou que a água foi um presente de Yan Jinhai, presidente da Região Autônoma de Xizang, ou Tibete, que fica a 3.385 quilômetros de distância, em uma das cadeias montanhosas mais altas do mundo.
A água mineral, transportada em 90 contêineres, chegou na semana passada ao país insular e foi descarregada na capital, Malé, segundo a autoridade portuária.
"O presidente da Região Autônoma de Xizang anunciou o desejo de doar 1.500 toneladas de água potável (...) durante a visita oficial ao país em novembro", afirmou o ministério das Maldivas em um comunicado.
A pasta das Relações Exteriores rebateu as versões que circulam nas redes sociais de que a água teria sido enviada para o consumo do presidente Mohamed Muizzu, que chegou ao poder no ano passado com uma plataforma pró-China e anti-Índia.
"O governo das Maldivas decidiu utilizar a água para dar assistência às ilhas em caso de escassez de água", afirmou o ministério.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU alertou em 2017 que, se o nível do mar aumentasse entre 18 e 59 centímetros, as Maldivas seriam praticamente inabitáveis no final do século.
A capital, a ilha de Malé, já ficou sem água potável e depende de dispendiosas usinas de dessalinização para abastecer a população local.
Conhecida por suas praias de areia branca e pelo turismo de luxo, as Maldivas também ocupam uma posição estratégica nas rotas comerciais leste-oeste.
A Índia considera que o arquipélago está dentro de sua esfera de influência, mas o país deu uma guinada recentemente na direção da China, seu principal credor externo e rival regional de Nova Delhi.
Muizzu visitou Pequim em janeiro, quando assinou uma série de acordos sobre infraestrutura, energia e agricultura. A Índia iniciou neste mês a retirada dos militares do país que operavam uma base de vigilância aérea, depois que o governo de Nova Delhi recebeu uma ordem de saída.