Pablo Barboza Da Silva e Reginaldo Vieira Rocha foram presosDivulgação

Rio - A Polícia Civil realizou, nesta segunda-feira (16), uma operação contra uma família de estelionatários que se passava por representantes da Bienal do Livro para aplicar golpes. Ao todo, investigações estimam que o grupo já fez mais de 40 vítimas e arrecadou cerca de R$ 200 mil. Na ação, duas pessoas foram presas e outras cinco continuam foragidas.
A ação foi realizada por agentes da 77ªDP (Icaraí). Ainda de acordo com investigações, o grupo se dividia para aplicar os golpes. Primeiro, as 'vendedoras' abordavam pedestres e ofereciam a assinatura de revistas, por um valor baixo, parcelado em várias vezes e ainda os presenteavam com algum brinde. Depois, uma terceira pessoa fazia o pagamento, inserindo valores diversos, geralmente dez ou doze vezes.
Dessa forma, as vítimas só descobriam o golpe ao olhar a fatura do cartão. Um dos casos aconteceu em 20 de outubro de 2023, no Centro de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde uma vítima foi abordada por duas mulheres que alegavam ser representantes da Bienal e faziam oferta de assinaturas de revistas, mediante o pagamento de 10 prestações mensais de R$ 6,90, ainda com direito a brinde, que foi entregue no ato. Essas supostas vendedoras estavam em um grupo maior, uniformizado, que tinha um veículo Fiat/Doblô como base de apoio.
Considerando a oferta, a vítima assinou sem conferir um contrato e entregou seu cartão para efetivar a compra no crédito. Em um primeiro momento, uma das mulheres informou que não conseguiu finalizar o pagamento, e realizou uma nova operação, em outra máquina, não fornecendo qualquer comprovante, alegando que estava sem bobina de papel.
Somente depois, ao verificar o extrato bancário, a vítima percebeu que seu cartão foi usado para duas compras indevidas, uma no valor de R$ 1.399,90, em 10 prestações de R$139,99, e outra de R$ 699,90 , igualmente parcelada.
A vítima então contestou a compra junto à instituição financeira, aguardando análise, mas, cerca de um mês depois, após tomar conhecimento pela imprensa de que duas mulheres haviam sido presas em Niterói, cidade vizinha, por situação similar, ou seja, agindo do mesmo modo, compareceu à 77°DP para registrar os fatos.
Formação do grupo
A quadrilha é formada por oito pessoas, sendo o casal Diogo Lázaro Corrêa Bomfim e Michele Aparecida Silvério, responsáveis pela organização criminosa. Os dois também usavam empresas para dar aparência de legalidade às ações.
Também participam da quadrilha, a irmã de Diogo, Bárbara Gabriele Machado Velho, e a filha de Michele, Larissa Maia da Silva. As duas são responsáveis pela equipe externa das falsas vendedoras, identificadas como Nathalia Cristina de Campo e Emily Amancio Lira Pereira Rodrigues.
Ainda no grupo, estão Pablo Barboza Da Silva, responsável pelo pagamento nas máquinas de cartão e o motorista Reginaldo Vieira Rocha. Os dois foram presos.
Dos oito, Larissa é a única que foi denunciada mas não teve o mandado de prisão expedido. Os demais são considerados foragidos.
Ainda nesta terça (16), os agentes cumpriram mandados de prisão e busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos. A ação policial ocorreu na Ilha do Governador, na Zona Norte. Na casa de Diogo foram encontrados relógios, máquinas de cartão, aparelhos celulares e bonecas.
O que diz a Bienal?
Procurada, a Bienal International do Livro do Rio de Janeiro, maior evento de cultura e entretenimento do Brasil e Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Rio, informou que repudia o uso de sua marca por criminosos e espera que os responsáveis sejam punidos.

"É importante deixar claro, a fim de evitar que outras pessoas sejam enganadas, que a Bienal do Livro Rio não comercializa assinaturas de livros ou revistas e tampouco conta com representantes comerciais para oferecer produtos ou serviços à população", disse.

Ainda em comunicado, a Bienal reforçou que toda comunicação com seu público é feita pelos canais oficiais.