A livraria enfrentava problemas financeiros e acabou fechando as portas no dia 13 de novembro Foto Divulgação

Campos – A mobilização pela preservação de Ao Livro Verde, livraria mais antiga do Brasil, de 179 anos, considerada patrimônio histórico-cultural de Campos dos Goytacazes (RJ), pode estar perto de ter um final satisfatório, com a liberação de um espaço no Palácio da Cultura pelo governo municipal.
A campanha SOS faz eco em nível nacional e está na segunda fase desde o dia 28 de março, quando a cidade de Campos comemorou 189 anos. A iniciativa surgiu meses antes do fechamento da quase bicentenária (no dia 13 de novembro de 2023), gerado por dívidas acumuladas em conseqüência de crise financeira.
Estrategicamente, organizada pelo jornalista e advogado Adelfran Lacerda, a campanha SOS Ao Livro Verde vem mobilizando forças políticas e sociais. O governo municipal está engajado e a Comissão Mista deverá ser recebida, na próxima semana, pela presidente da Fundação Cultural Oswaldo Lima (FCJOL), Fernanda Campos, para tratar do assunto.
O prefeito Wladimir Garotinho afirma que recebeu uma solicitação de audiência do Comitê Organizador do SOS Ao Livro Verde e repassou a demanda para a presidente da FCJOL: “Estamos empenhados, porque se trata da preservação da memória do patrimônio que é Ao Livro Verde; mas o imóvel é privado e nem pertence à livraria”.
Fernanda Campos já comunicou a Adelfran Lacerda e estaria aguardando uma posição do comitê. Embora ainda não haja nada alinhavado, Wladimir adianta que não há nada que fazer no prédio da livraria, “até porque, a operação é deficitária e acumula dívidas”; porém, aponta que haverá um espaço dedicado à livraria dentro do Palácio da Cultura, para manter viva a história.
PELA PRESERVAÇÃO - “O poder público ofertará um espaço para uma cafeteria e livraria. As obras do Palácio já foram licitadas e o contrato assinado; começam em breve”, resume o prefeito, que em outubro de 2023 sancionou Projeto de Lei do presidente da Câmara, Marcos Bacellar (aprovado por unanimidade) reconhecendo Ao Livro Verde como patrimônio histórico e cultural de Campos.
“Estamos aguardando o retorno da comissão para nos reunirmos. Vamos ouvir, avaliar juntos e definir, de acordo com as orientações da procuradoria geral do município”, pontua Fernanda Campos confirmando que recebeu orientação de Wladimir para avaliar juridicamente e fazer o que for possível.
A presidente ressalta que a filosofia do governo municipal e dela particularmente (também enquanto professora de História) é que qualquer patrimônio de relevância deva ser preservado. Adelfran Lacerda confirma que recebeu expediente de Fernanda Campos se colocando à disposição para audiência e diz que deverá definir a data no início da próxima semana.
O jornalista relata que o SOS Ao Livro Verde tem mais de dois mil apoiadores, dos quais cerca de 60 instituições de níveis local, regional, estadual e nacional: “Entre elas, Academia Brasileira de Letras; Associação Brasileira de Imprensa; e Associação Nacional de Livrarias”, exemplifica.
No relatório final, com mais de 200 páginas, da Comissão Mista (que é composta por representantes do Legislativo, Executivo e sociedade civil) estão propostas 19 ações e alternativas legais e possíveis; a criação da Casa de Cultura Ao Livro Verde é uma delas.