Pedro Duarte. Vereador (Novo)Divulgação

Mundialmente conhecido como manifestação vibrante da cultura brasileira, o Carnaval do Rio tem números grandiosos, dignos da importância que representa: somente em 2024, movimentou R$ 5 bilhões, gerou R$ 500 milhões em impostos e atraiu oito milhões de foliões. Mas será que chegamos à tão desejada nota dez no quesito evolução, quando nos referimos a tudo que envolve essa grande celebração?

Certamente, não. Um olhar mais ousado pode nos colocar diante de alguns contrapontos. Um deles é o fato de os bairros que margeiam a Sapucaí, principal palco desse espetáculo, estarem entre os piores no ranking do Índice de Progresso Social, elaborado pelo Instituto Pereira Passos. Cidade Nova ocupa a última posição (158ª), enquanto Santo Cristo e Estácio estão em 153ª e 141ª, respectivamente.

Temos, então, um equipamento público que sedia o maior evento da cidade, em um local bem localizado, devido à sua proximidade com o Centro Histórico, o Metrô da Praça XI, a Central do Brasil e o Túnel Rebouças. Mas, por outro lado, temos uma região degradada e com baixos indicadores sociais, que precisa urgentemente da atenção do Poder Público. O que fazer?

A conclusão mais óbvia é que não podemos aceitar passivamente tamanha contradição. Antes tarde do que nunca, é preciso que a prefeitura aproveite a localização e a estrutura privilegiadas do Sambódromo como instrumento de transformação social e econômica. E uma boa forma de fazer isso é com a concessão desse equipamento para a gestão privada. Os ganhos se dão em várias dimensões.

Ao conceder o Sambódromo, junto com o Terreirão do Samba e a Cidade do Samba, poderemos atrair novos investimentos para a modernização da infraestrutura desses equipamentos e para expansão da oferta de eventos. Estou falando não apenas de desfiles de Carnaval, mas também de shows, festivais culturais, conferências, eventos e afins.

Por sua vez, a expansão da programação teria um impacto significativo nos bairros circundantes. Traria mais empregos diretos e indiretos, geração de receita e aumento da atividade econômica local. E mais: a melhoria da infraestrutura e dos serviços públicos nos arredores beneficiaria os residentes locais.

Cabe lembrar ainda que uma concessão também é boa para os cofres da prefeitura, que, além de se livrar dos custos de manutenção, ganha com a cobrança de um valor de outorga pago pelo parceiro privado, bem como uma porcentagem sobre a receita operacional.

Se olharmos para nosso vizinho, São Paulo, perceberemos que a iniciativa tem tudo para dar certo. Lá, o Sambódromo fica no Complexo do Anhembi, que recebe mais de 50% dos eventos registrados na Região Sudeste. Pois bem, em 2021, foi feita a concessão do complexo, resultando em um contrato de investimentos privados da ordem de R$ 1,5 bilhão.

Já por aqui, a prefeitura até tentou fazer a concessão do Terreirão do Samba, em 2023, mas a licitação naufragou, muito em parte porque o município errou ao não estabelecer um edital mais abrangente, que incluísse o Sambódromo. Um histórico de falhas e falta de vontade política que já conhecemos. Mas, se
colocarmos o bloco na rua, com um processo de licitação sério e eficaz, tenho certeza que o enredo será outro!
Pedro Duarte
Vereador (Novo)