Ramón Díaz é o técnico do Vasco Fabio Moreira Pinto/AGIF/Estadão Conteúdo

Rio - A declaração machista de Ramón Díaz após a derrota do Vasco diante do Bragantino por 2 a 1, nesta quarta-feira (17), em Bragança Paulista, pela 2ª rodada do Brasileirão, não caiu bem. A fala, contrária aos valores e princípios da instituição, gerou revolta e dividiu os torcedores nas redes sociais. Personalidades vascaínas como Monica Benício, vereadora do Rio pelo PSOL, se manifestaram contra o treinador argentino.
"Enquanto vascaína, sinto NOJO da fala do técnico Ramón Díaz, com uma declaração machista contra a árbitra Daiane Muniz. Querido, se esforce em fazer o nosso time ganhar e deixe as mulheres em paz! Ridículo. Me solidarizo com Daiane e todas as mulheres do futebol", escreveu a vereadora no X, antigo Twitter.
Outro político vascaíno que se manifestou contra o treinador foi o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ). O parlamentar apontou a ignorância de Ramón Díaz com a história do Vasco e relembrou grandes nomes do futebol feminino que passaram pelo Gigante da Colina.
"A declaração de Ramón Diaz, além de profundamente machista, mostra a ignorância do técnico sobre o próprio Vasco, clube que teve em seu time de futebol feminino nomes como Pretinha, Meg... e Marta! É vergonhoso", afirmou.
A comentarista de arbitragem da ESPN, Renata Ruel, também se manifestou contrária a declaração do técnico do Vasco. Renata lamentou que as mulheres ainda sofram discriminação no futebol.
"A mulher ainda sofre discriminação no futebol? Olha essa fala machista e de hoje do Ramon Diaz (...) Felizmente não são todos que pensam assim, mas infelizmente muitos pensam assim ainda", disse Renata, que foi questionada por um internauta sobre as desculpas do treinador.
"Pediu desculpas depois da repercussão negativa e a explicação não foi nada convincente", completou.
No programa "Sportscenter", da ESPN, a comentarista Marcela Rafael condenou a declaração do treinador vascaíno.
"Dá a entender que as mulheres são devagar. Não é o VAR que toma a decisão sozinho, seja mulher ou homem. Chama para revisão e todo mundo conversa. É realmente desculpinha de quem erra em entrevista porque ele foi machista", afirmou.

Entenda o caso

Após a derrota do Vasco diante do Bragantino por 2 a 1, na quarta-feira (17), o técnico Ramón Díaz disse ser "complicado que quem decida no VAR seja uma mulher", como aconteceu contra o Massa Bruta e também diante do Grêmio, na estreia, em São Januário.
"Com respeito aos árbitros, não podemos falar muito. Na última partida, o VAR foi uma senhorita, uma mulher, e foi pênalti. Me parece complicado que o VAR quem tenha que decidir seja uma mulher. Porque o futebol é tão dinâmico, com ações tão rápidas. Hoje não sei se o árbitro também não viu o lance, que me pareceu pênalti. O Vasco está crescendo, competimos", disse.
Daiane Muniz foi a responsável pelo VAR da primeira rodada contra o Grêmio. Na ocasião, Daiane apontou um pênalti para cada lado, mas o árbitro Flavio Rodrigues de Souza manteve a decisão de campo. Já diante do Bragantino, a árbitra do VAR foi Charly Wendy Straub Deretti. Ramón Díaz se retratou e alegou ter sido mal interpretado.
"Se interpretou algo mal da minha declaração. Quero pedir desculpas. Me pareceu que o que eu quis dizer é que uma só pessoa não pode tomar uma decisão tão importante como é a participação do VAR no futebol. Se se interpretou mal, peço desculpa, mas não é minha intenção", concluiu.
Em nota oficial publicada nas redes sociais, o Vasco lamentou a declaração machista do técnico Ramón Díaz e pediu desculpas. O clube destacou os valores e princípios como marca histórica da instituição.
"O Vasco da Gama lamenta a declaração do técnico Ramón Díaz e reafirma o compromisso de reforçar as medidas e diretrizes educativas necessárias em acordo com suas determinações, valores e princípios. Pedimos, assim como nosso técnico, desculpas", afirmou.