Érika de Souza levou um cadáver a uma agência bancária para sacar empréstimoReprodução/Redes sociais

Rio - O caso da mulher que levou um idoso morto para pegar empréstimo em um banco na Zona Oeste do Rio, na tarde da última terça (16), repercutiu em todo o país e também na imprensa internacional. Jornais, revistas e tabloides de várias partes do mundo se referiram ao caso como sendo "surreal", "chocante" e "momento de terror".
O Jornal Britânico Daily Star e o americano New York Post citaram o filme "Um morto muito louco", de 1989, ao noticiar o fato. No filme, dois amigos passam o fim de semana com um cadáver fingindo que o mesmo estava vivo para não serem responsabilizados pela morte. O jornal britânico "The Guardian" escreveu na manchete: "Choque no Brasil". O jornal francês Le Parisien deu destaque para a tentativa de golpe contra o idoso. 
No Brasil, além da história, o vídeo do idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, sentado em uma cadeira de rodas, já sem vida, repercutiu entre os internautas. Nas imagens, Érika de Souza Vieira Nunes tenta fazê-lo assinar um documento em um banco de Bangu, na Zona Oeste da cidade do Rio.
Na rede social X (antigo Twitter), os termos "Tio Paulo", "morto" e "surreal" estiveram entre os assuntos mais comentados nas últimas horas desta quarta-feira (17).
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O caso
A morte do idoso foi descoberta após funcionários da agência desconfiarem da atitude de Erika e da reação do idoso. Na ocasião, eles acionaram o Serviço Móvel de Urgência (Samu), que constatou o óbito. Em seguida, ela foi presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver enquanto tentava sacar um empréstimo de R$17 mil em nome de Paulo.
Na delegacia, Erika afirmou que é sobrinha da vítima, no entanto, as documentações apontam que ela seria uma prima. Ainda segundo o delegado, em depoimento, Erika alega que o idoso chegou vivo ao banco, versão contestada pelas investigações. Isso porque livores cadavéricos, que são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação, indicam que Paulo não teria morrido sentado, como estava na cadeira, mas possivelmente deitado. O corpo dele ainda permanece no IML de Campo Grande.

Erika foi transferida para o presídio nesta quarta-feira (17), onde aguarda a audiência de custódia. As investigações estão em andamento na 34ªDP (Bangu) para identificar a causa da morte e como o empréstimo foi feito. O delegado aguarda o resultado dos laudos periciais.
À princípio, o empréstimo teria sido realizado presencialmente no dia 25 de março, mas o idoso não havia sacado antes porque estava internado com pneumonia na semana anterior.

O que diz a defesa da presa
A defesa de Erika, representada pela advogada Ana Carla Corrêa, garante que o idoso chegou vivo ao banco, além de informar que Paulo sofria com alcoolismo e enfrentava problemas de saúde recentemente, assim como o uso da cadeira de rodas.
"O idoso é tio dela e temos testemunhas que confirmam que o Paulo chegou vivo à agência. Eles moram, a família em si, em um grande terreno com várias casas, e ali um cuida do outro. O seu Paulo sempre foi uma pessoa independente, mas de um tempo pra cá começou a ter uma saúde um pouco mais debilitada, não somente pela idade, mas porque ele também era uma pessoa alcoólatra", disse.