Contraventor Piruinha é apontado como mandante do homicídio de Natalino Espíndola, em 2021Reprodução/Redes Sociais

Rio - O júri popular do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos, começou na tarde desta quinta-feira (25). Até às 19h, seis testemunhas haviam sido ouvidas no 3º Tribunal do Júri, no Centro, sendo que, ao todo, 18 pessoas foram chamadas para depor. 
Piruinha é réu pelo homicídio de Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, que era dono de uma loja de carros. O crime ocorreu em julho de 2021, na Estrada Intendente Magalhães, na Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio. No último dia 9, o julgamento foi adiado porque o o Ministério Público do Estado (MPRJ) avaliou necessária a presença de outros dois réus na ação: o policial militar Jackson Lima Pereira, segurança do bicheiro, e Monalliza Neves Escafura, filha de Piruinha.
Piruinha cumpre prisão domiciliar desde 2023 após sofrer uma queda no banheiro do presídio e a defesa alegar problemas de saúde. Ele foi preso há dois anos em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio. Na última audiência, o juiz Cariel Bezerra Patriota deferiu o pedido de soltura do PM porque o resultado da perícia técnica não identificou o carro usado no assassinato como sendo do agente.
De acordo com as investigações, Jeckson executou Neto a mando de Piruinha. O MPRJ pontua que o crime foi praticado por motivo torpe, já que a vítima foi morta por não ter pago uma dívida em dinheiro que tinha com contraventores da cidade.
A família do contraventor teria sofrido prejuízos milionários com o empreendimento de Natalino José em uma construtora. Atual "gestora" dos negócios da família Escafura, a filha do bicheiro passou a buscar, sem sucesso, o ressarcimento dos prejuízos.
Natalino era neto de Natal da Portela, patrono da escola de samba de Oswaldo Cruz, e ganhou o mesmo nome do avô. Ele era também sobrinho de Nezio Nascimento, presidente de honra da Escola de Samba Tradição. A vítima era alvo de 14 processos na Justiça.
Quem é Piruinha
Piruinha exerce há décadas o domínio do jogo do bicho em diversas regiões da cidade, em especial nos bairros de Madureira, Abolição, Cascadura, Maria da Graça, Piedade e Inhaúma. Além disso, recebe outras áreas por exploração de jogos de azar para outros contraventores, dentre elas as divisas com os bairros de Cascadura, Piedade, Pilares, Abolição, Quintino, Campinho e Praça Seca.
Paralelamente ao jogo, explorava outras atividades, como motéis em bairros da Zona Oeste. O bicheiro também foi investigado por uma suposta ligação com uma quadrilha de abortos clandestinos.